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A banda em 1990 |
Criado em 1970 após o fim do Smile, o Queen passou os anos seguintes enfrentando desafios, evoluindo
artisticamente e, por fim, marcando seu nome entre as bandas mais importantes
do mundo do rock. Apesar de já consolidado, o grupo chegou a passar por problemas
para se adaptar ao cenário musical da década de 1980, mas a criatividade e
genialidade de seus membros falaram mais alto, e o Queen voltou a dominar as
paradas de sucesso e passou a lotar estádios nos quatro cantos do planeta. No entanto, o quarteto também passou a
figurar cada vez mais nas capas de tabloides por conta das especulações a
respeito da saúde de Freddie Mercury. Diagnosticado soropositivo entre 1987
e 1988, o vocalista decidiu se dedicar ao máximo ao seu trabalho e paixão pela
música. Em 1988, ao lado da soprano espanhola Montserrat Caballé, Mercury
lançaria o álbum Barcelona, e faria sua última apresentação ao vivo no musical Time.
Após esse breve período solo, Freddie
decidiu que era hora de contar a verdade sobre sua condição aos amigos e
colegas de banda. Brian May, John Deacon e Roger Taylor deram todo o suporte necessário e o esforço foi
recompensado em 1989, com o disco The Miracle.
Notando que restava pouco tempo,
o cantor não parou e continuou compondo e gravando o máximo que podia para um
novo álbum do Queen. Os anos 90 se aproximavam. Era o início de uma nova fase
para o conjunto. Uma época pouco abordada quando se fala da banda e que foi
marcada por desafios e questionamentos, mas também por muita força de vontade.
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O Queen recebe o prêmio Outstanding Contribution. A última aparição pública de Freddie |
A última aparição pública de
Mercury aconteceu em fevereiro de 1990 durante o Brit Awards. Na cerimônia, que é realizada anualmente pela British Phonographic Industry, o Queen recebeu
um prêmio por sua "notável contribuição" ao cenário musical
britânico. Durante a premiação, a aparência de Freddie, abatido e nitidamente
mais magro, atraiu um enxurrada de comentários maldosos sobre sua saúde. Pouco
importava, já que ele e os rapazes só queriam finalizar o mais rápido possível
o vindouro disco.
Enquanto isso, o empresário da
banda, Jim Beach, negociava a compra
de todo o catálogo da banda nos Estados
Unidos, então em poder da Capitol.
Mesmo com a popularidade do conjunto em baixa na América do Norte, um acordo milionário foi firmado com a
recém-inaugurada Hollywood Records,
subsidiária da Disney.
Rapidamente, o trabalho e vida de
Mercury e sua morte iminente se tornaram uma coisa só. Ele decidiu mudar de vez
sua rotina e passou a revelar a familiares e amigos mais íntimos sobre sua real
condição. Se poucos tomaram conhecimento sobre a verdade, o público em geral e
a imprensa só podiam especular, já que tudo foi mantido em segredo. Segundo
Brian May, em entrevista a revista Mojo
em 1999, Freddie não queria que as pessoas comprassem discos do Queen motivadas
por solidariedade.
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Os dois últimos álbuns lançados por Roger com o The Cross |
Entre março de 1989 e novembro de
1990, o Queen passou semanas trancafiado nos estúdios Mountain, na Suíça, e Metropolis, em Londres. O quarteto mal tirava os olhos dos instrumentos, salvo
algumas exceções, como Roger, que
aproveitou algumas pausas para gravar dois álbuns (Mad, Bad And Dangerous To Know,
de 1990, e Blue Rock, de 1991, lançados apenas na Alemanha ) com o The Cross,
seu projeto solo criado em 1987, e Brian,
que finalmente se acertou com a atriz Anita
Dobson e compôs material para o musical MacBeth.
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Material promocional distribuído em lojas para promover o álbum Innuendo |
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Freddie em I'm Going Slightly Mad |
Em janeiro de 1991, o Queen
lançou o single Innuendo. Com 6:30 de pura ousadia e mistura de estilos, o
compacto liderou as parada de sucesso do Reino
Unido. No mês seguinte, o 14º álbum do grupo, Innuendo, chegaria as
lojas. Apesar de ser a "canção do
cisne" de Freddie, o disco não soou a ninguém como uma despedida.
Cheio de energia e novidades, o trabalho lembrava o Queen em seu auge. A capa e
material promocional veio de ilustrações adaptadas de desenhos do artista do
século 19 Jean-Jacques Grandville.
Ainda em janeiro, a banda voltou
ao estúdio de Montreux para gravar
alguns lados B. Alguns deles agradaram tanto que foram guardados para um
próximo álbum. Mesmo doente, Freddie não abdicou
do bom humor. Prova disso foi o clipe de I'm Going Slightly Mad, em que ele
elaborou um plano de filmagem com May como um pingüim, Deacon como bobo da corte, Taylor com uma chaleira na cabeça e ele
com um cacho de bananas como peruca. Apesar disso, o vídeo promocional foi
lançado em preto e branco, para esconder a já frágil aparência do vocalista. Desse
período, apenas o videoclipe de Headlong mostrou Freddie em cores,
já que os outros foram rodados em p&b e/ou continham animações e colagens.
Além dos vídeos, para promover o
novo disco, Brian May viajou para a América do Norte, onde fez uma curiosa
turnê por rádios dos Estados Unidos e do Canadá. Ao lado de sua fiel companheira, a guitarra Red Special, o guitarrista intercalava
entrevistas com interpretações de antigas e novas músicas da banda. O Queen
decidiu parar de realizar shows ao vivo em 1986, após a Magic Tour. Ao reencontrar os amigos de banda, May descobriu que os
três já haviam completados suas partes naquele que seria o último vídeo que
Mercury conseguiu gravar.
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Freddie em These Are The Days Of Our Lives |
Filmado em maio de 1991, o clipe
de These
Are The Days Of Our Lives, música escrita por Roger pensando em seus
filhos, mas que ganhou outro sentido devido aos momentos finais do vocalista,
também foi rodado em preto e branco e marcou a despedida de Freddie, vestindo
um colete decorado com pinturas de seus gatos, com um trêmulo murmúrio ao final
do registro: "Eu ainda amo vocês".
O ano ainda foi reservado para
celebrações. Apesar de ter sido formado em 1970, o Queen comemorou 20 anos de
existência em 1991, já que a história da banda é contada oficialmente a partir
da entrada de John Deacon em 1971. Nos Estados Unidos, a Hollywood Records
relançou todo o catalogo da banda em CD, com a inclusão de faixas bônus, como
b-sides, remixes de músicas especialmente encomendados para a ocasião e uma
faixa inédita: Mad The Swine. A canção deixada de fora do primeiro disco do
conjunto (1973), havia sido redescoberta e foi retrabalhada durante a coleta de
material para os relançamentos americanos.
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Selo em alusão aos 20 anos do Queen criado pela Hollywood Records |
A gravadora, no entanto, causou polêmica
ao lançar, como comemoração ao fim da Guerra do Golfo um compacto gratuito e
exclusivo para as Forças Armadas
estadunidenses. We Are The Champions foi remixada e misturada com trechos do
discurso da vitória do então presidente George Bush. Ao longo da década, o selo
ainda apostaria em diversos remixes de músicas do grupo no mercado em cds
promocionais.
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Material promocional de Greatest Hits II. Para o álbum, o escudo da banda foi reformulado |
Já no Reino Unido o aniversário
da banda foi celebrado com uma nova coletânea. Greatest Hits II reuniu
sucessos da banda lançados entre 1981 e 1991, incluindo The Show Must Go On, penúltima
música de Innuendo a ser lançada como single em outubro daquele ano. No mesmo
mês, Brian organizou e participou da
Expo '92 Guitar festival, em Sevilha,
na Espanha. O evento reuniu nomes
como Joe Satriani, Steve Vai, Nuno
Bettencourt, Paul Rodgers e Joe
Walsh. Ali era plantada a semente da futura parceria do Queen com Rodgers.
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A família de Freddie em seu funeral |
Enquanto isso, a jornada de
Freddie parecia ter chegado ao fim a medida que ele se despedia de amigos
íntimos e familiares. Após redigir um novo testamento, Mercury decidiu que era
hora de revelar a verdade a todos. Em 23 de novembro de 1991, uma
nota foi emitida a imprensa. Nela, o vocalista anunciou sua doença. No dia
seguinte, Freddie faleceria. Um anúncio feito logo depois da meia-noite dizia
que a causa da morte fora "broncopneumonia induzida por
aids". Na manhã seguinte, além de uma declaração da banda, Brian
May lançou o seu mais novo single solo, Driven By You. O compacto só foi
divulgado naquela data após pedido do próprio Mercury, que insistiu que sua
morte serviria como chamariz para as vendas. Ao som de Aretha Franklin e Montserrat Caballé, o funeral de Farrokh Bulsara foi realizado em uma
cerimônia fechada e guiada por tradições religiosas zoroastrianas, encarregadas pelos pais de Freddie.
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Capa do single Bohemian Rhapsody/These Are The Days Of Our Lives |
Seguindo um
desejo final do vocalista, These Are The
Days Of Our Lives foi lançada como single ao lado de Bohemian Rhapsody. O
lançamento, além de ter liderado as paradas de sucesso e ter faturado um prêmio
Ivo Novello, rendeu 1 milhão de
libras para a associação de caridade ligada à aids Terrence Higgins.
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A cena de Wayne's World que eternizou Bohemian Rhapsody nos EUA |
Nos EUA, a popularidade da banda voltou a crescer muito por conta da
inclusão de Bohemian Rhapsody na
trilha sonora do filme Quanto Mais Idiota Melhor (Wayne's
World). Relançada como compacto nos Estados Unidos, a canção levantou
300 mil dólares para a Magic Johnson
Aids Fundation e fez com que o Queen renascesse como uma fênix na América
do Norte. Isso ocasionou o lançamento de duas novas coletâneas exclusivas do
mercado de lá: Classic Queen (1992) e Greatest Hits (1992).
Após a morte de Freddie Mercury,
Roger, May e Deacon se reuniram com Jim Beach para organizar um concerto como
forma de celebrar a vida e o legado do amigo, bem como para também angariar
fundos para pesquisas sobre a aids e conscientizar o mundo sobre a doença por
meio da recém-criada fundação Mercury
Phoenix Trust
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Pôster do The Freddie Mercury Tribute |
Ao receber um prêmio especial em
nome de Freddie Mercury no Brits Awards em fevereiro de 1992, Taylor e Brian
anunciaram o Freddie Mercury Tribute Concert For Aids Awareness, no Wembley
Stadium. Quando os ingressos foram postos à venda, todos os 72 mil foram
vendidos em apenas três horas, mesmo que ninguém soubesse as atrações que
tocariam ao lado do Queen. No dia 20 de Abril de 1992, 72.000 pessoas
acompanharam ao vivo o concerto, transmitido pela TV em mais de 76 países do
mundo. Entre os vários artistas presentes estiveram Extreme, Metallica, Guns N' Roses, Def Leppard, David Bowie, Annie
Lennox, George Michael e Elton John.
Cada um cantou um grande sucesso da banda ao lados dos três membros
remanescentes.
O espetáculo teve pontos altos,
como George Michael e sua brilhante interpretação de Somebody To Love; a
apresentação da inédita Too Much Love Will Kill You
(inicialmente planejada para o Queen, mas que acabaria se tornando um sucesso
solo de Brian); e a emocionante Who Wants To Live Forever com Seal; mas também teve pontos baixos,
como Robert Plant se confundindo com
a letra de Innuendo, além de
controvérsias e alguns “embaraços", como o gay Elton John fazendo dueto
com Axl Rose, a despeito de sua
homofóbica letra em One in a Million; o discurso de Elizabeth Taylor; e David Bowie se ajoelhando para rezar o Pai
Nosso.
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Diversos artistas participaram da homenagem |
Após o show, Deacon e Taylor
tirariam férias, enquanto Brian viajaria o mundo promovendo seu segundo álbum
solo,
Back To The Light, turnê essa que incluiu o Rio de Janeiro. Nenhum dos três, no entanto, deu alguma declaração
oficial afirmando que a banda havia acabado. Segundo jornais da época, George
Michael chegou a ser cogitado como novo vocalista pelos rapazes, mas o cantor
teria recusado o convite a favor de sua carreira solo.
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Após ser editado para o álbum Live Magic (1986), o concerto em Wembley foi lançado em 92 |
Em maio de 1992, o disco duplo ao
vivo Queen
Live At Wembley '86 era lançado. O álbum trazia na íntegra a
apresentação do grupo no lendário estádio durante a Magic Tour de 1986. O
passado da banda pairava sobre o trio o tempo todo, pois relançamentos e
compilações continuavam a vender. No mesmo ano, Barcelona, parceria de Freddie com Montserrat Caballé, foi
relançado. A faixa título se tornou tema da Olimpíada, sediada na ocasião na cidade espanhola que dava nome a
música. Além disso, duas coletâneas de remixes e sucessos do cantor em carreira
solo foram lançadas.
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Tim, Brian e Roger reunidos em 1992. Na da direita, Brian na festa da DoRo |
Antes do agitado ano terminar,
Brian e Roger se apresentaram com Scorpions
e Nina Hagen em uma festa da
produtora DoRo (responsável pelos
vídeos do Queen na época). A dupla ainda encontrou tempo para visitar o passado
ao promover uma reunião do Smile durante o show de Natal do The Cross no Marquee Club. A banda, projeto solo do
baterista, acabaria no ano seguinte. Ao lado do baixista Tim Stafell, May e Taylor tocaram músicas como Earth e If
I Were a Carpenter.
Em 1993, o EP Five
Live, que trazia versões ao vivo de Somebody
To Love e These Are The Days of Our
Lives ao lado de George Michael e Lisa
Stansfield, extraídas do Concert For
Life, chegou ao primeiro lugar no Reino Unido.
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Roger Taylor no concerto de Cowdray Park |
No mesmo ano, Roger e John
se apresentaram sob o nome Queen em um concerto beneficente no Cowdray Park ao lado de Genesis, Eric Clapton, Paul Young e Pink Floyd. No mesmo ano, Mercury ,
mesmo que de forma póstuma, conseguiu se tornar o único membro do grupo a conseguir um #1 nas paradas de sucesso com o
remix de Living On My Own.
No ano da Copa do Mundo dos Estados Unidos, Roger lançou seu terceiro álbum
solo, Happiness?, que causou alvoroço por conta da parceria com o
músico japonês Yoshiki e devido ao
single Nazis 1994, um ataque as pessoas que negavam a existência do Holocausto e ao recente crescimento das
tendências políticas de extrema-direita. Na primavera daquele ano, o baterista e Deacon
alugaram um estúdio e começaram a "garimpar" sobras do material do
Queen. A certa altura, eles já planejavam o lançamento de um novo disco da
banda, chamado na época por Taylor de"filho problemático".
Ainda gozando de seu sucesso solo e viajando o mundo em turnê, Brian confessou
que existia sim material, mas não o bastante para um álbum inteiro.
O guitarrista parece ter mudado
de ideia ao perceber que estava ficando de fora do projeto. Brian ouviu as
fitas e não ficou feliz com o trabalho feito pelos colegas. Ele então decidiu
tomas as rédeas. Enquanto isso Bohemian
Rhapsody era eleita por ouvintes da Rádio BBC como 'número 1' dentre "As Cem Canções Favoritas de
Todos os Tempos".
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A capa de Made In Heaven |
No verão de 1995, após meses de
especulações, o Queen anunciou seus planos de lançar um novo disco. Na mesma ocasião, os membros do fã-clube
foram convidados a escolher o nome do álbum. Made In Heaven venceu a
pesquisa. A construção do álbum se mostrou um verdadeiro "quebra-cabeça"
montado com "peças" das mais diferentes épocas e sessões de
gravações. A faixa mais antiga, It's a Beautiful Day, surgiu de uma
brincadeira de Freddie ao piano em 1980; e a
mais recente, Mother Love, foi o último registro
gravado pelo vocalista em 91. A canção, que teve que ser finalizada com vocais
de May, pois o cantor acabou falecendo antes de finalizá-la, traz nos segundos
finais, em rotação acelerada, trechos de todas as músicas gravadas pela banda,
e uma parte de Goin' Back, lançada por Mercury em 1973 sob o pseudônimo Larry Lurex.
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Pôster alemão de Made In Heaven: The Films |
Lançado em 6 de novembro de 1995,
Made In Heaven viria à luz apenas algumas
semanas antes do compacto póstumo dos Beatles Free as a Bird. Apesar da desleal
concorrência, o último álbum de estúdio do Queen foi bem nas paradas e trouxe
novas versões de músicas já conhecidas (Too Much Love Will Kill You, Heaven For
Everyone, My Life Has Been Saved, I Was Born To Love You e Made
In Heaven) e trabalhos inéditos
(It's
a Beautiful Day, Let Me Live, Mother Love, A Winter's Tale e You
Don't Fool Me), além de Yeah, a faixa mais curta do catalogo
da banda, e a enigmática 13'', a mais longa já lançada pelo
grupo.
Enquanto A Winter's Tale emocionava por ser a última música escrita por
Freddie, Let Me Live se tornou a
primeira e única em que Roger, Brian e Mercury dividem os vocais. Vale lembrar
que a música surgiu como um dueto com Rod
Stewart nos anos 80 e chegou a ser banida pela BBC Radio 1 sob a alegação de que o Queen era "velho
demais". A capa do disco mostrava a silhueta da estátua de Freddie, criada
pela escultora Irena Sedlecká, que
seria oficialmente desvelada às margens do Lago
Genebra no ano seguinte. Na falta de vídeos promocionais, o Queen recorreu
aos diretores do British Film Institute
para que produzissem curtas para acompanhar cada uma das faixas.
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Anúncio do luxuoso box Ultimate Queen |
O ano de 1995 continuou sendo
agitado para a banda, que também lançou o
Ultimate Queen , um box com 20
CDs, e seu próprio website. Além disso, o conjuntou ganhou um documentário,
chamado de Champions of The World, e um programa radiofônico especial
produzido pela BBC Radio 1. Nos Estados Unidos, a Hollywood Records repaginou o
álbum Queen At The Beeb (1989) e o lançou como Queen at the BBC. O
lançamento só ocorreu após um alvoroço causado por um adesivo na capa do CD single de Let Me Live, que prometia um vindouro disco com as sessões. Com o
mercado já abarrotado de materiais relacionados ao Queen, a coletânea foi
abortada e só em 2016 (quase) todas as sessões gravadas pela banda em rádios da
British Broadcasting Corporation
seriam lançadas na compilação Queen on Air.
No ano seguinte, a banda viu seu
trabalho alcançando novas audiências. You Don't Fool Me se tornou um sucesso em
boates e baladas, o que fez com que singles e discos promocionais contendo
remixes da música fossem lançados em todo planeta.Em outubro um
grupo de artistas do gênero eurodance lançaria a coletânea Queen Dance Traxx, uma reunião de
curiosas versões covers dançantes de faixas do grupo.
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A estátua de Freddie Mercury |
Foi um período de incertezas, mas
também de paz. Roger enfim descansava, enquanto Brian fazia pontas especiais em
diversos trabalhos e John passava o tempo com a família. Nesse ano, segundo a
revista oficial do fã-clube da banda, o baixista também começou a remixar There
Must Be More To Life Than This, música da carreira solo de Freddie e
que surgiu como dueto ao lado de Michael
Jackson. Segundo a reportagem publicada na época, Deacon trabalhava na
faixa para uma futura compilação do Queen, no entanto, o projeto foi deixado de
lado e a música só seria lançada em 2014 na coletânea Queen Forever.
Rejeitada em Londres, o monumento
em homenagem a Freddie ganhou casa na Suíça em novembro de 1996, próximo ao
estúdio onde o cantor gravou e escreveu suas últimas composições. A estátua, que viraria atração turística, tem
na base uma dedicatória escrita por Brian: "Lover of life, singer of songs".
Aquela não seria a última homenagem ao vocalista.
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A apresentação do Queen ao lado de Elton John foi a última de John Deacon |
Em janeiro de 1997, o grupo, ao
lado de Elton John, se apresentou no Le Prebystère (A Ballet For Life). O
espetáculo do coreógrafo francês Maurice
Béjart tinha no repertório músicas do Queen e peças de Mozart, tudo em memória de Mercury e do dançarino argentino Jorge Donn, que também morreu em
decorrência da aids. O show no Théâtre
National de Caillot, em Paris,
marcou a última performance ao vivo de Deacon. Na ocasião, Elton, que era
grande amigo de Freddie, disse que o grupo era como um "carro de corridas
fantástico, parado na garagem, sem nenhum maldito piloto". O filme do balé, dirigido por David Mallet, ganhou uma Rosa de Ouro no Festival da Televisão de Montreux.
No mesmo ano, Jim Beach começou a trabalhar em um musical, a princípio com a Tribeca Productions, de Robert de Niro, em Nova York. Após uma reunião, contudo, Brian e Roger ficaram insatisfeitos e o projeto foi engavetado, sendo revisitado e enfim encenado apenas em 2002 como o bem sucedido We Will Rock You.
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Capa alternativa de Queen Rocks |
Mas os trabalhos não pararam em 1997. Taylor e May
responderam a um pedido da EMI, um
compilação, e produziram Queen Rocks. Lançado em novembro, o
álbum é uma coleção das músicas mais rock n' roll do grupo, com exceção de uma
faixa, a inédita No-One But You (Only The Good Die Young). Escrita por Brian em
homenagem a Princesa Diana e Freddie
para um novo disco solo, a demo da música foi enviada para Roger, que só a
ouviu meses depois. Ele acabou gostando e insistiu que a canção fosse gravada
como Queen. John então foi convocado e os três trabalharam naquele que seria o
primeiro e único material lançado por eles como trio. Curiosamente, a tracklist
original do disco, postada alguns meses antes do lançamento no site do fã clube
oficial da banda, não trazia a balada, mas sim um remix de Tie Your Mother Down. Na
mesma época, fãs holandeses afirmaram em revistas que uma nova versão de Hammer To Fall também havia fora
planejada para a coletânea.
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O vídeo de No-One foi o último com a participação de John |
No entanto, apenas uma única
música foi retrabalhada, I Can't Live With You, que foi
rebatizada como '1997 Rocks Retake'. Essa versão e o suposto remix de Tie Your Mother Down seriam os singles
da compilação, mas após uma campanha promovida pelos fãs, No-One But You foi lançada como o único compacto. A música foi
lançada em janeiro de 1998 ao lado do remix de We Will Rock You feito
pelo produtor Rick Rubin, e de uma versão instrumental de Gimme
The Prize. A faixa chegou ao Top 20 no Reino Unido. O vídeo promocional
seria a última aparição de John Deacon, que após se aposentar, sumiu do mapa.
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Os discos solo lançados por Roger e Brian em 1998 |
Roger e Brian decidiram então dar
um tempo com o Queen para focarem em suas carreiras solo no ano de 98. O
guitarrista passou por momentos difíceis ao perder o amigo e baterista da Brian May Band Cozy Powell em um
acidente de carro pouco antes do lançamento do disco Another World. Já Taylor
não poupou críticas ao governo britânico, a magnatas e a sociedade em geral em Electric
Fire. Apesar de não conseguir emplacar nenhum sucesso, Roger bateu
recordes com o The Cyberban, um concerto realizado em seu estúdio doméstico e
transmitido em tempo real via internet para 595.000 pessoas. Ainda em 1998, Brian e Roger se reuniram para mais uma apresentação em uma festa da DoRo.
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O jogo Queen: The Eye |
A nova era cibernética atraiu a
atenção da Queen Productions, que no mesmo ano lançou o jogo em CD-ROM Queen:
The Eye. Desenvolvido pela EA,
o PC game não foi bem com vendas e críticas, mas se tornou objeto cobiçado
pelos fãs devido aos remixes instrumentais de canções do conjunto incluídas nos
5 CDs. Presença constante em trilhas sonoras de diversos filmes, a música do
Queen acabou figurando em Pequenos Guerreiros (Small Soldiers)
de uma forma diferente. O maior sucesso do grupo nos Estados Unidos foi
remixado em forma de rap pelos então astros do gênero Wyclef Jean, Pras Michel e
Free. Lançada como single, a nova versão de Another One Bites The Dust,
além de apresentar a banda à uma nova audiência, foi Top 5 nas paradas de
sucessos de diversos países.
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O selo que gerou polêmica |
1999 havia chegado e mais uma vez
o passado voltava a bater na porta do Queen, desta vez de diferentes
formas. Em janeiro, Brian e Roger
começaram a examinar velhas raridades e
outtakes para o que seria o box de 10 CDs Freddie Mercury Solo, lançado em
2000. Em junho, Freddie causou polêmica ao aparecer em um selo do Royal Mail britânico. O que provocou
protestos por partes de tradicionalistas foi que, conforme o regulamento,
apenas pessoas mortas e membros da Família Real poderiam aparecer em selos. No
do Queen, Taylor estava à bateria por trás de Freddie. Por fim, Princes
Of The Universe, de 1986, se tornou um sucesso em rádios dos quatro
cantos do mundo ao ser escolhida como tema do seriado Highlander.
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Material exposto em lojas italianas para promover Greatest Hits III |
Curiosamente, indo contra a
tradição de lançar um compilação de maiores sucessos a cada dez anos, o álbum Queen
+ Greatest Hits III chegou as lojas em novembro de 1999. A seleção de
músicas causou revolta entre os fãs.
Primeiramente por excluir hits top 30 nas paradas britânicas como Flick
Of The Wrist (lançada como lado A duplo de Killer Queen), Body
Language, Scandal e A Winter's Tale. Além disso, a
inclusão de parcerias com outros artistas e de músicas das carreira solo de
Brian e Freddie (por isso o '+' no título) também não agradou.
No entanto, o lançamento da faixa
natalina Thank God It's Christimas pela primeira vez em CD, a versão ao
vivo de The Show Must Go On gravada
ao lado de Elton John em paris no ano de 1997 e o remix de Under Pressure foram os
pontos positivos do lançamento. Batizada de Rah Mix, a nova versão do
clássico dueto com David Bowie foi lançada como single para promover o disco e
foi bem nas paradas de sucesso tendo como lado B Bohemian Rhapsody, na ocasião renomeada como The Song of the Millenium
após votação realizada entre críticos e fãs para um especial de TV no mesmo
ano.
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O vídeo de Under Pressure (Rah Mix) reuniu Freddie e Bowie em um mesmo palco |
Para acompanhar Under
Pressure (Rah Mix) um videoclipe foi produzido pela DoRo. Nele, Bowie e
Freddie cantam a música juntos no mesmo palco, algo que nunca aconteceu na vida
real. O vídeo promocional estreou uma edição especial do Top Of The Pops 2 dedicado a carreira de David. Era o fim da década de 1990. O
Queen, agora resumido a uma dupla de amigos inseparável, se preparava para o
novo milênio com muitas dúvidas, mas feliz. O reconhecimento pelo trabalho do
grupo aumentaria nos anos seguintes, com
a inclusão no Hall da Fama do Rock e
uma estrela na Calçada da Fama, isso
apesar de parcerias duvidosas sob o título Queen + e um certo comercial para
uma marca de refrigerantes. Mas isso é papo para outro dia...