domingo, 15 de janeiro de 2012

A Night At The Opera (1975)

Com o sucesso de Sheer Heart Attack, todos pensavam que os integrantes do Queen já estavam ricos, o que não era verdade. Os rapazes, como relatado por Brian May, viviam em “quarto-e-sala” como qualquer banda iniciante. Eles tinham, porém, de pensar em dinheiro. Depois de Sheer Heart Attack, o Trident aumentou os salários do Queen. Mas quando Freddie Mercury pediu um piano de cauda e John Deacon solicitou um empréstimo para dar como entrada em uma casa porque ia se casar com sua namorada Veronica Tezlaff, o Trident recusou. A crença da banda de que cautela inteligente tinha valido a eles um bom acordo começou a se desvanecer. Depois que as turnês terminaram em dezembro de 1974, o Queen entrou em contato com Jim Beach, advogado do ramo musical (e músico de Jazz). Trident disse a ele que a banda devia ao estúdio 190 mil libras.

Depois de uma memorável turnê pelo Japão, onde foram recebidos com muito carinho e acabaram sendo subjugados pela delicadeza das fãs japonesas, que os davam presentes e mais presentes, a banda aplicou uma tentativa inicial de romper os contratos com o Trident pelo notoriamente “grosso” empresário da Electric Light Orchestra, Don Arden, o que não deu em nada. Com o advogado Jim Beach eles puseram no papel uma curta e grossa lista de possíveis novos gerentes e John Reid, de Elton John, disse “sim” imediatamente. Reid e Beach falaram de modo bem prático com os Irmãos Sheffield, responsáveis pelo estúdio Trident. A ruptura do contrato foi concluída em agosto de 1975. O Queen pagou teve que pagar 100 mil libras mais 1% dos royalties sobre seus próximos seis álbuns. A banda conseguiu o dinheiro ao transferir os direitos de publicação de suas músicas para a EMI, e ainda garantindo assim um adiamento sobre royalties futuros.

Com seus problemas resolvidos, os rapazes mergulharam de cabeça no quarto álbum. As fortes tendências operísticas do disco os levaram a intitulá-lo A Night At The Opera, como o filme dos irmãos Marx que todos eles adoravam.

O desejo da banda de experimentar tinha crescido exponencialmente desde suas sessões de gravação anteriores, e tornou-se um caso de "fazer isso ou jogar fora". A banda precisava de um único hit para consolidar seu nome. Então, veio Bohemian Rhapsody.

Muito tem sido dito sobre a música, então não haverá tentativas aqui para tentar decifrá-la, mas simplesmente: Bohemian Rhapsody foi uma das verdadeiras e primeiras integrações pompa e circunstância no mundo rock. Enquanto muitos registros tinham combinado sons de ópera com, esta foi a primeira vez que a ópera, como uma forma de arte, tinha sido fundida com o rock. Nenhuma revelação pública foi feita por Freddie Mercury sobre sua maior composição e gravação do Queen, além do seu prazer de que este “ultrajante arroubo operístico” demonstrou vocalmente eles deixaram as outras bandas para trás. Freddie apresentou sua idéia para Roy Thomas Baker (de novo como produtor) e começou a tocá-la no piano – com alguns versos e trechos de melodia faltando. Então, Mercury parou e disse a Roy: “Agora, querido, aqui começa a seção de ópera”.

Na época em que Freddie levou o tema ao estúdio – eles começaram em Rockfield, no País de Gales, depois foram para Scorpio, Sarm e outros lugares em Londres – ele tinha um mapa completo da coisa em sua cabeça, com notas e mais notas em livros que seu pai usava para a contabilidade no trabalho. A faixa aumentava cada vez mais, enquanto o trabalho evoluía para um drama técnico à medida que, naquela era pré-digital, eles ricocheteavam a música, que não parava de crescer, de uma fita para outra. A música levou três semanas para ser gravada do início ao fim. Eles chegaram ao fim com 180 vozes em Bohemian Rhapsody, e a “orquestra-guitarra” de May também. Como confirmado por Brian May, a fita se desgastou e todos entraram em pânico quando a segurava contra a luz e dava para ver através dela. A música tinha praticamente sumido da fita e eles tiveram que transferi-la. Os rapazes do Queen ficaram exaustos, mas o resultado foi glorioso.

Em outubro de 1975, o Queen apresentou a John Reid Bohemian Rhapsody, com 5:59 minutos de duração, como seu compacto. Reid argumentou que nenhuma rádio colocaria no ar uma faixa tão longa, entretanto, ele finalmente concordou e deu total apoio. Mercury não viu problema algum em dar um empurrão de pré-lançamento a Bohemian Rhapsody ao dar uma cópia a um amigo, o influente DJ de rádio Kenny Everett, que adorou o tema e desconsiderando o embargo da gravadora, que só o queria no ar no dia do lançamento, a tocou catorze vezes em dois dias. O serviço telefônico da rádio ficou atulhado de pedidos para ouvir o tema de novo.

Em 31 de outubro de 1975, a EMI lançou Bohemian Rhapsody no Reino Unido e o tema foi imediatamente para as paradas de sucesso. Um surpreendente vídeo promo, que tinha como ponto de partida a icônica imagem que foi capa de Queen II (1974), sustentou e turbinou a ascensão do single, que ficou em primeiro lugar.

Claro, há muitas outras músicas de A Night At The Opera que são grandiosas e brilhantes como Bohemian Rhapsody. As emoções mais profundas de May se revelaram no que compunha: a canção folk acústica '39, que fala sobre uma odisséia espacial com pitadas de amor e baseada fortemente na teoria da relatividade Einsten; e a magnífica The Prophet’s Song, que surgiu a partir de um sonho que May tivera anos antes sobre um desastre não especificado que se transformou numa preocupação pessoal. O disco começa com Death on Two Legs (Dedicated To...., uma "não-homenagem" a Norman Sheffield, afastado por conduta financeira pouco honesta. O álbum também nos apresenta I’m In Love With My Car, de Roger Taylor e Sweet Lady de Brian; Lazing On A Sunday Afternoon e Seaside Rendezvous (de Freddie) são inspiradas nos salões de música de 1920, enquanto Good Company de Brian era uma reminiscência do número de gloriosos registros Kinks lançados no final dos anos 1960. You’re My Best Friend de John Deacon, escrita em homenagem a sua esposa Veronica Tetzlaff, tornou um dos singles mais conhecidos da banda. A Night At The Opera também apresenta ao mundo a balada romântica Love Of My Life, escrito por Freddie para Mary Austin, que se tornou grande sucesso, principalmente na América do Sul (principalmente no Brasil). Por fim, temos God Save The Queen, a versão de May para o hino nacional britânico.

No estúdio Roundhouse, A Night At The Opera, teve sua pré-estréia para cinqüenta amigos, pessoas do ramo da gravação e jornalistas. Mercury, agitado, só exigiu atenção quando a faixa final, God Save The Queen, se seguiu a Bohemian Rhapsody E exigiu aos berros: “Fiquem de pé, seus merdas!”. Aquela noite teve uma conseqüência peculiar: um embate final com o Trident. Alguém disse a Norman Sheffield sobre a canção Death On Two Legs. Ele reclamou que seria uma referência a ele e ameaçou processar Mercury, a EMI, o Queen e bloquear o lançamento do álbum. Ninguém jamais admitiu nada, mas outra soma substancial – um segundo adiantamento – aplacou os chefes do Trident. 

Lançado, o álbum rapidamente tornou-se um sucesso, chegando a entrar, mais tarde, na lista dos 200 álbuns definitivos no Rock and Roll Hall of Fame.Gravado nos melhores estúdios da época, sendo o álbum mais caro, é considerado a maior obra-prima do grupo, e é sempre citado entre os melhores álbuns de Rock. Sua produção é reconhecida como uma das mais perfeitas da história da música. Todos os instrumentos foram gravados em estúdios separados. Gravaram apenas a bateria em um estúdio, guitarra em outro e assim por diante. "Não é paranóia, é perfeccionismo" dizia Freddie Mercury na época.

NINGUÉM USOU SINTETIZADORES

Informações

Nome: A Night At The Opera
Lançamento: Novembro de 1975
Gravação: Agosto-Novembro de 1975 nos Estúdios Sarm East, Olympic, Rockfield, Scorpio, Lansdowne e Roundhouse
Duração: 43:10
Produtores: Queen e Roy Thomas Baker
Lançado em: Reino Unido, EUA, Japão, Alemanha, Holanda, Itália, França, Suécia, Espanha, Portugal, Grécia, Bulgária, Turquia, Polônia, Israel, Brasil, Argentina, México, Chile, Uruguai, Venezuela, Peru, Austrália, Canadá, África do Sul, Índia, Coréia do Sul, Taiwan, Filipinas, Rússia e, possivelmente, Nova Zelândia e Hong Kong.

Singles: Bohemian Rhapsody [B-Side: I’m In Love With My Car] (1975) e You’re My Best Friend [B-Side:‘39)] (1976)

Faixas

Vinil

• Lado 1
  1. Death On Two Legs (Dedicated to......
  2. Lazing On A Sunday Afternoon
  3. I'm In Love With My Car
  4. You're My Best Friend
  5. '39
  6. Sweet Lady
  7. Seaside Rendezvous
• Lado 2:
  1. The Prophets Song
  2. Love Of My Life
  3. Good Company
  4. Bohemian Rhapsody
  5. God Save The Queen 

CD Hollywood Records CD 1991

1. Death On Two Legs (Dedicated to......
2. Lazing On A Sunday Afternoon
3. I'm In Love With My Car
4. You're My Best Friend
5. '39
6. Sweet Lady
7. Seaside Rendezvous
8. The Prophets Song
9. Love Of My Life
10. Good Company
11. Bohemian Rhapsody
12. God Save The Queen
13. I'm In Love With My Car (remix)
14. You're My Best Friend (remix)

CD Universal Records CD 2011 (Queen: 40 Anos)

• Disco 1: 
  1. Death On Two Legs (Dedicated to......
  2. Lazing On A Sunday Afternoon
  3. I'm In Love With My Car
  4. You're My Best Friend
  5. '39
  6. Sweet Lady
  7. Seaside Rendezvous
  8. The Prophet's Song
  9. Love Of My Life
  10. Good Company
  11. Bohemian Rhapsody
  12. God Save The Queen 
• Disco 2 – Bonus EP: 
  1. Keep Yourself Alive (long-lost retake, July 1975)
  2. Bohemian Rhapsody (operatic section a cappella mix)
  3. You're My Best Friend (isolated backing track mix)
  4. I'm In Love With My Car (guitar & vocal mix)
  5. '39 (Live at Earl’s Court, June 1977)
  6. Love Of My Life (live south-american single edit, 1979)
• iTunes - Vídeos bônus exclusivos: 
  1. Bohemian Rhapsody ("no flames" promotional video)
  2. Seaside Rendezvous (30th anniversary collage)
  3. Love Of My Life (Live at Milton Keynes Bowl, June 1982) 

Curiosidades

Contando todas as canções pela ordem original de cada álbum, começando com Keep Yourself Alive (primeira do álbum Queen), em ordem cronológica, '39 é a música de número 39.

A letra de I’m In Love With My Car foi inspirada por um dos roadies da banda, Johnathan Harris, cujo Triumph TR4 era, evidentemente, o "amor da sua vida". A canção é dedicada a ele. O álbum diz: "Dedicado a Johnathan Harris, piloto de corrida até o fim". Taylor dá seu toque pessoal ao encerrar a música com um giro do motor do seu próprio carro Alfa Romeo.

Roger Taylor aparentemente estava tão decidido em ter I’m In Love With My Car como B-Side do single Bohemian Rhapsody, que ele se trancou num armário até Freddie concordar em colocá-la no single.

O sonho de May que o inspirou a escrever The Prophet’s Song era sobre o Grande Dilúvio, e as letras têm referências a Arca de Noé. Ao longo de oito minutos de duração, é também a mais longa canção do Queen (sem contar a trilha instrumental sem título de Made in Heaven).

2 comentários:

  1. Houve alguma versão do Love of my life anterior à famosa?
    Uma com uma melodia medieval?

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    1. não, a melodia sempre foi a mesma, porem a original (desse album) tinha piano, harpa e guitarra

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